sexta-feira, novembro 23, 2007

Resumo Biográfico

VICENTE FREITAS de Araújo, jornalista e escritor cearense, nasceu na cidade de Bela Cruz, Ribeira do Acaraú. Filho de José Arimatéa Freitas Araújo e d. Maria Rios Araújo. Dedica-se à literatura e às artes plásticas, distinguindo-se como historiador, cronista e caricaturista. Depois de estudar em algumas escolas de sua cidade natal, mudou-se para Fortaleza, passando então a conviver com um grupo de escritores e poetas, freqüentadores da casa de Juvenal Galeno. Licenciado em História e Geografia, pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. É autor dos livros: Nicodemos Araújo – uma antologia (2000); Bela Cruz – biografia do município (2001); O carpinteiro das letras (2002); Esboço genealógico de Bela Cruz (2006). Participou de várias antologias, dentre as quais: Poetas brasileiros de hoje, Shogun Arte Editora, RJ (1992); Valores literários do Brasil, RJ (1996); Contos e poemas do Brasil, Litteris Editora, RJ (1997); Os melhores da literatura, Litteris Editora, RJ (1998); Anuário de escritores, Litteris Editora, RJ (1999); Sonhos e expectativas, Scortecci Editora, SP (1999); Encontro com a palavra, Scortecci Editora, SP (2000); Seleção de poetas noctívagos, Scortecci Editora, SP (2001); As melhores poesias do século, Litteris Editora, RJ (2002); Três milênios de poesia e prosa, Fortaleza (2003). É verbete da Enciclopédia da literatura brasileira contemporânea, (volumes VII e IX, de Reis de Souza); Dicionário biobibliográfico de escritores brasileiros contemporâneos (1998), de Adrião Neto; Novo dicionário biobibliográfico de escritores brasileiros 2000, Litteris Editora, RJ (2001); Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, MinC/ABL/Global Editora (2001). Em 1996, o Conselho Editorial da Revista Brasília, outorgou-lhe a Medalha do Mérito Cultural, pelos relevantes serviços prestados à cultura do país e por sua participação nas iniciativas literárias do Grupo Brasília de Comunicação. Em 1999, recebeu Medalha de Bronze, no Rio de Janeiro, por sua classificação em terceiro lugar, no II Festival Nacional Literário, promovido pela ABRACE. Foi um dos finalistas do prêmio nacional de poesia Menotti del Picchia – 2000 e do internacional Von Breysky – 2001.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Aos políticos do Brasil ¹

Dai-me, Senhor, assessoria para eu falar aos políticos do Brasil. Será que político escuta alguém? Adianta falar a políticos? E será que tenho coisas a dizer-lhes que eles não saibam, eles que transformam a administração em maligno esquecimento? Adianta-lhes, Senhor, saber alguma coisa, quando perdem os olhos para toda paisagem, perdem os ouvidos para toda melodia e só vêem, só pensam num salário de sua própria legislação? Cegos, surdos, falantes – felizes?– [são os políticos enquanto políticos. Antes, depois são gente como a gente, no pedestre dia-a-dia. Mas quem foi político sabe que outra vez voltará à indesejável invalidez que é signo de miséria exterior. Político é o ser fora do tempo, fora de obrigação e CPF, ISS, ICMS, IPTU, INSS. Os códigos, desarmados, retrocedem de sua porta, as multas envergonham-se de alvejá-lo, as guerras, os tratados encolhem o rabo diante dele, em volta dele. O tempo, afiando sem pausa a sua foice, espera que o político crie vergonha na cara. Mas nascem todo dia políticos novos, reprovados, inoperantes, e ninguém ganha nesta baderna. Pois politicar é destino dos humanos, destino que regula nossa dor, nossa ambição, nosso inferno interior. E quem vive, atenção: cumpra sua obrigação de politicar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante. De não ser. De estar, ou nem estar. O problema, Senhor, é como aprender, como exercer A “arte” de politicar, que audiovisual nenhum ensina, e vai além de toda universidade. Pobre de quem não aprendeu direito, ai de quem nunca estará maduro para aprender, triste de quem não merecia, não merece politicar. ________________________ 1. Poema da série “Brincando com Drummond”.

Também já fui o primeiro ¹

Eu também já fui o primeiro gozado como vocês. Ponteei o couro, guiei fusca e aprendi no pé do balcão que o alcoolismo não é uma virtude. E há uma hora em que os bares se fecham e todos te negam uma dose. Eu também já fui o primeiro. Bastava olhar pras ninfetas pensava logo naquilo e noutros substantivos terrestres. Mas eram tantas, do meu tamanho, minha poesia perturbou-se. Eu também já tive meus vícios. Fumava isto, cheirava aquilo. E meus amigos me queriam; porém, os inimigos caluniavam. Eu irônico deslizava a mão insatisfeito de ter meus vícios. Mas acabei entendendo tudo. Hoje não deslizo mais não, sou bem irônico, ou não? – Hoje tenho meu ritmo. ________________________ 1. Poema da série “Brincando com Drummond”.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Brincando com Drummond

Vicente Freitas Quando adoeci, um médico safado desses que vivem matando gente disse: Vai, Vicente, tá sem jeito na vida. O homem espia a casa e corre com medo da mulher. A noite talvez fosse linda não houvesse tantos ladrões. Vivo levando pernadas: pernas feias, sujas, empenadas. Meu Deus, pra que tanta perna, pergunta minha boca. Porém, o meu coração não pergunta nada. O bigode na cara do homem é engraçado, simples e fraco; tem poucos, raros cabelos. Mundo, caro mundo, se eu me chamasse Aparecida seria uma mancada, não seria uma saída. Mundo, caro mundo, mais caro é o custo de vida. Eu não queria dizer (minha boca não queria) mas essa fome, mas essa crise deixam a gente esmorecido como o diabo.

No meio do extrato ¹

Vicente Freitas No meio do extrato tinha uma CPMF tinha uma CPMF no meio do extrato tinha uma CPMF no meio do extrato tinha uma CPMF. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas economias tão minguadas. Nunca me esquecei que no meio do extrato tinha uma CPMF tinha uma CPMF no meio do extrato no meio do extrato tinha uma CPMF. __________________ 1.Poema da série Bricando com Drummond.