VICENTE FREITAS de Araújo, jornalista e escritor cearense, nasceu na cidade de Bela Cruz, Ribeira do Acaraú. Filho de José Arimatéa Freitas Araújo e d. Maria Rios Araújo. Dedica-se à literatura e às artes plásticas, distinguindo-se como historiador, cronista e caricaturista. Depois de estudar em algumas escolas de sua cidade natal, mudou-se para Fortaleza, passando então a conviver com um grupo de escritores e poetas, freqüentadores da casa de Juvenal Galeno. Licenciado em História e Geografia, pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. É autor dos livros: Nicodemos Araújo – uma antologia (2000); Bela Cruz – biografia do município (2001); O carpinteiro das letras (2002); Esboço genealógico de Bela Cruz (2006). Participou de várias antologias, dentre as quais: Poetas brasileiros de hoje, Shogun Arte Editora, RJ (1992); Valores literários do Brasil, RJ (1996); Contos e poemas do Brasil, Litteris Editora, RJ (1997); Os melhores da literatura, Litteris Editora, RJ (1998); Anuário de escritores, Litteris Editora, RJ (1999); Sonhos e expectativas, Scortecci Editora, SP (1999); Encontro com a palavra, Scortecci Editora, SP (2000); Seleção de poetas noctívagos, Scortecci Editora, SP (2001); As melhores poesias do século, Litteris Editora, RJ (2002); Três milênios de poesia e prosa, Fortaleza (2003). É verbete da Enciclopédia da literatura brasileira contemporânea, (volumes VII e IX, de Reis de Souza); Dicionário biobibliográfico de escritores brasileiros contemporâneos (1998), de Adrião Neto; Novo dicionário biobibliográfico de escritores brasileiros 2000, Litteris Editora, RJ (2001); Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, MinC/ABL/Global Editora (2001). Em 1996, o Conselho Editorial da Revista Brasília, outorgou-lhe a Medalha do Mérito Cultural, pelos relevantes serviços prestados à cultura do país e por sua participação nas iniciativas literárias do Grupo Brasília de Comunicação. Em 1999, recebeu Medalha de Bronze, no Rio de Janeiro, por sua classificação em terceiro lugar, no II Festival Nacional Literário, promovido pela ABRACE. Foi um dos finalistas do prêmio nacional de poesia Menotti del Picchia – 2000 e do internacional Von Breysky – 2001.
sexta-feira, novembro 23, 2007
quarta-feira, novembro 21, 2007
Aos políticos do Brasil ¹
Dai-me, Senhor, assessoria
para eu falar aos políticos do Brasil.
Será que político escuta alguém?
Adianta falar a políticos?
E será que tenho coisas a dizer-lhes
que eles não saibam, eles que transformam
a administração em maligno esquecimento?
Adianta-lhes, Senhor, saber alguma coisa,
quando perdem os olhos
para toda paisagem,
perdem os ouvidos
para toda melodia
e só vêem, só pensam
num salário de sua própria legislação?
Cegos, surdos, falantes – felizes?–
[são os políticos
enquanto políticos. Antes, depois
são gente como a gente, no pedestre dia-a-dia.
Mas quem foi político sabe que outra vez
voltará à indesejável invalidez
que é signo de miséria exterior.
Político é o ser fora do tempo,
fora de obrigação e CPF,
ISS, ICMS, IPTU, INSS.
Os códigos, desarmados, retrocedem
de sua porta, as multas envergonham-se
de alvejá-lo, as guerras, os tratados
encolhem o rabo diante dele, em volta dele.
O tempo, afiando sem pausa a sua foice,
espera que o político crie vergonha na cara.
Mas nascem todo dia políticos
novos, reprovados, inoperantes,
e ninguém ganha nesta baderna.
Pois politicar é destino dos humanos,
destino que regula
nossa dor, nossa ambição, nosso inferno interior.
E quem vive, atenção:
cumpra sua obrigação de politicar,
sob pena de viver apenas na aparência.
De ser o seu cadáver itinerante.
De não ser. De estar, ou nem estar.
O problema, Senhor, é como aprender, como exercer
A “arte” de politicar, que audiovisual nenhum ensina,
e vai além de toda universidade.
Pobre de quem não aprendeu direito,
ai de quem nunca estará maduro para aprender,
triste de quem não merecia, não merece politicar.
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1. Poema da série “Brincando com Drummond”.
Também já fui o primeiro ¹
Eu também já fui o primeiro
gozado como vocês.
Ponteei o couro, guiei fusca
e aprendi no pé do balcão
que o alcoolismo não é uma virtude.
E há uma hora em que os bares se fecham
e todos te negam uma dose.
Eu também já fui o primeiro.
Bastava olhar pras ninfetas
pensava logo naquilo
e noutros substantivos terrestres.
Mas eram tantas, do meu tamanho,
minha poesia perturbou-se.
Eu também já tive meus vícios.
Fumava isto, cheirava aquilo.
E meus amigos me queriam;
porém, os inimigos caluniavam.
Eu irônico deslizava a mão
insatisfeito de ter meus vícios.
Mas acabei entendendo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
sou bem irônico, ou não?
– Hoje tenho meu ritmo.
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1. Poema da série “Brincando com Drummond”.
segunda-feira, novembro 12, 2007
Brincando com Drummond
Vicente Freitas
Quando adoeci, um médico safado
desses que vivem matando gente
disse: Vai, Vicente, tá sem jeito na vida.
O homem espia a casa
e corre com medo da mulher.
A noite talvez fosse linda
não houvesse tantos ladrões.
Vivo levando pernadas:
pernas feias, sujas, empenadas.
Meu Deus, pra que tanta perna,
pergunta minha boca.
Porém, o meu coração
não pergunta nada.
O bigode na cara do homem
é engraçado, simples e fraco;
tem poucos, raros cabelos.
Mundo, caro mundo,
se eu me chamasse Aparecida
seria uma mancada,
não seria uma saída.
Mundo, caro mundo,
mais caro é o custo de vida.
Eu não queria dizer
(minha boca não queria)
mas essa fome,
mas essa crise
deixam a gente esmorecido como o diabo.
No meio do extrato ¹
Vicente Freitas
No meio do extrato tinha uma CPMF
tinha uma CPMF no meio do extrato
tinha uma CPMF
no meio do extrato tinha uma CPMF.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas economias tão minguadas.
Nunca me esquecei que no meio do extrato
tinha uma CPMF
tinha uma CPMF no meio do extrato
no meio do extrato tinha uma CPMF.
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1.Poema da série Bricando com Drummond.
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